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O Disfarce das Aparências

Acho que essa era a primeira vez que eu não precisava de uma viagem. Na verdade, não era a primeira, porque todas as vezes que eu vou a essa cidade, o sentimento é o mesmo. Adoro fugir da rotina, da vida em geral.

Por isso sempre vou para lugares que sejam melhores que a minha realidade. Não piores. É como se o objetivo dessa ida, fosse uma lição. Valorizar o que eu tenho, sabe? Ver o quão ruim tudo poderia ser, mas não é.

Talvez o lugar para qual estou indo agora (vamos chamar de Pineápolis) não seja editado. Em todos os lugares que eu já fui, todos tinham alguma qualidade tão incrível que camuflava os defeitos, aqueles que só quem mora vê.

Ás vezes, eu fico pensando se todos nós, humanos, somos assim. Porque em meio ao mundo atual, onde existem mil opções de filtros, todos nós viramos mestres em nos editar. Por que sempre precisamos ser bons em algo? Por que a maioria de nós desiste de algo, na qual não somos bons? Será que era por isso que Pineápolis me incomodava?

De tão verdadeira que era, não me agradava? Diz a lenda que os defeitos que vemos nos outros são um espelho de nós mesmos. Como se o que sobrasse no outro, faltasse dentro de mim. E se fosse isso que faltava aqui dentro, o que havia no lugar? O que não deixava a verdade entrar?

Talvez eu esteja me camuflando. Talvez eu já tenha tantos disfarces, que não me lembro nem de quem colocou a primeira máscara. Só sei que essa sobreposição de personalidades tem data de validade. E em algum momento, tudo isso irá para os ares. 

E aí eu espero encontrar quem eu realmente sou e levá-la a Pineápolis, a cidade que me transformou. E visitá-la com novos olhos, os meus verdadeiros. Pretendo surgir das cinzas, como a fênix que nunca morre enxergá-la como a cidade autêntica e libertadora que é. Beijo, Pineápolis! 

Texto: Carol Chagas
Foto: We Heart It

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