Vestindo as lentes da verdade da vez, eu consigo ver. Dessa vez, a claridade não me assusta. Não estou no ponto mais elevado do céu, mas daqui é possível perceber o rumo que as coisas estão tomando. A vista é diferente. a mesma gente usa roupas diferentes e o sentimento é outro. Quase dá pra sentir o frescor no ar. Estamos na mira do verão e além do suor e da saliva, não se sabe muito bem o que esperar. Os caminhos parecem sinuosos o bastante para tentarmos percorrê-los. e apesar dos temores, a vontade de dar cada passo parece maior que o medo de se perder. Já sabemos que vai acontecer. É só olhar para os lados e perguntar para os moradores. Todos já sabem que na próxima estação, nós não seremos nós e não estaremos aqui. Voltaremos outros vestidos com as mesmas capas brilhantes que sempre nos protegeram. Dentro é seguro e a gente consegue enxergar o que é que o lá fora esconde. A chuva de verão não vai nos molhar o bastante. Não mergulharemos no mar o suficiente