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Mostrando postagens de 2024

decrescente

quando eu estava passando pela adolescência, juntamente com o turbilhão de emoções saltitantes e em declínio, acontecia uma coisa engraçada. todo dia quando acordava, me via maior do que no dia anterior.  não que eu seja grande, mas por alguns anos, cresci como numa corrida quase que involuntária, sem depender muito de mim ou de algum esforço meu.  assim como a minha altura mudava literalmente do dia para noite, ano após ano, eu também mudava de sala de aula, matérias e professores. mudanças que dependiam de mim, mas que também seguiam a lei natural escolar brasileira.  minha vida caminhava pra frente, mesmo que eu não estivesse afim ou que eu não soubesse direito qual decisão seguir. assim como tantos, vivi esses anos achando que seria sempre assim. que tudo se encaminharia, correria seu curso natural, progressivamente.  de tanta estabilidade, acho que hoje me sinto em queda. acordo todos os dias do mesmo tamanho e não sei se me sinto progressiva, em crescimento. às vezes acho até que

thread de despedida.

é engraçado pensar que eu via o meu twitter como um lugar seguro para despejar minhas memórias, arquivar minhas fotos e deixar ali os meus sentimentos mais infames: sem muita coerência ou vergonha e cheios de volatilidade.  e assim como as emoções se dissipavam, os registros agora também se transformaram em coisa nenhuma. deixaram marcas em quem conhecia e insistia em insistir, mesmo com a quantidade absurda de propagandas, inverdades e um dono megalomaníaco. um espaço que me acompanhou durante a adolescência, o início da vida adulta e que pasme, também me fez ver o brasil como uma coisa grande e única, acho que tive ali minha primeira percepção de coletividade nacional.  e ao mesmo tempo em que via como todas as experiências eram universais, também chegaram a mim perspectivas absolutamente únicas.  o que um dia foi um lugar de reclamação rotineira e individual se tornou um espaço de acusações inflamadas, revolta generalizada, onde palavras sem vírgulas não eram o problema, mas sim o b

tudo aquilo que não consigo te dizer.

é sobre aquela vez que você se decepcionou e eu não fui na sua casa te ver, mesmo você me dizendo que precisava de companhia. ou aquele dia que a gente brigou numa viagem e por ter tanto medo de perder nossa amizade, até hoje não te expliquei meu ponto ou ouvi o seu. é sobre a infância que eu sonhei em passar ao teu lado, mas sempre fui medrosa demais pra posar fora de casa ou passar tardes brincando com você na calçada. aquelas desculpas que eu dava pra não te encontrar não tinham pé, cabeça, teto e parede. é sobre o gelo que eu te dei porque não conseguia conversar com você sobre o que me incomodava na nossa amizade. me afastei até nos tornarmos estranhos conhecidos e provavelmente nunca vamos falar sobre isso. porque é possível que a gente não se fale mais. é sobre aquelas tuas mensagens carinhosas que eu nunca respondi. quem vê de fora, deve pensar que eu brinquei com o seu coração, mas eu só não tava pronta pra deixar alguém entrar. há muito tempo uso essa desculpa e ela não cola