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Mostrando postagens de 2017

A arte de ficar bem.

De vez em quando a gente corre. Pra bem longe. É como se fosse algum tipo de impulso que surge aqui de dentro. Apenas sentimos que precisamos fugir. E assim o fazemos. Sem nem dar uma olhadinha pra trás. A gente respira e corre. Só que depois de um tempo, bate o cansaço. E os gritos do corpo se tornam mais altos que os da alma. Já nem é mais possível ver a tempestade de quilômetros atrás. Sobra a calmaria e o silêncio. E pela primeira vez em meses, tudo faz sentido. Os erros, os sentimentos e tudo aquilo que transbordou. O asfalto gelado contrasta com o calor do passado. É uma mistura de limbo com equilíbrio. Como quando a gente tenta boiar na água e de vez em quando, acaba afundando. É uma luta constante.  Depois de algum tempo tentando não sentir, chega uma hora que a gente consegue. Lembrar deixa de doer. E conversar com sua ferida não te machuca mais. Por mais estranho que pareça, está tudo bem. Mesmo que você tenha pensado que aquilo nunca ia passar. Você sente

John Mayer e o amor pela vida.

Aos 15, esbarrei numa música de John Mayer. E odiei. De verdade. E o problema não era com a música ou com o próprio John, mas comigo. Eu não estava pronta . Pra ouvir e me identificar com a quantidade de carga emocional presente em suas canções. Mesmo hoje, aos 20, sinto que não estou.  Não conheço todas as músicas dele. E confesso que me orgulho disso. Sinto que cada uma delas deve me encontrar, não o contrário. É como se a cada situação que eu passo, uma música existente dele sobre isso me encontrasse. Por meio de um amigo, um link ou o modo aleatório do Spotify.  Quem me conhece, sabe que eu não tenho ídolos musicais. Gosto de música, não de artistas. Sou eclética e gosto razoavelmente de tudo. Por ser deste jeitinho, nunca me imaginei indo a um show. Simplesmente porque eu não conheceria todas as músicas e ficaria perdida na maior parte do tempo ali.  Mas com o John é diferente. Eu não sei de cor a maioria de suas músicas, quiçá um álbum inteiro. E eu nem precisari

O último incêndio.

Eu queria que a gente fosse compatível. Não porque faríamos bem um pro outro, mas porque eu queria alguém do meu lado. Mas esta não é uma boa justificativa. Nem pra você, nem pra mim.  Esta é apenas uma das muitas curvas que levam a gente. E você tentou me levar, mas eu não deixei. Por ainda estar em outra estrada e por mais tarde descobrir que o que eu queria mesmo era dirigir sozinha . Não havia espaço para caronas.  Algumas coisas e pessoas são apenas o que têm que ser . E a gente tem que deixar. Mesmo que incomode e dê saudade. Você pode dizer que eu fui resistente e inflexível. E eu fui mesmo. Mas não é porque eu tinha medo de viver. É porque eu sentia que  tudo  estava  tão errado como quando a gente veste uma roupa apertada. No fim do dia, incomoda.  Eu acredito pra valer no tal do timing . E o nosso foi errado pra termos futuro, mas certo o bastante pra fazer com que eu me desapegasse do passado. Talvez este fosse o objetivo, afinal. Tá aí algo que eu nunca vou

20 coisas que aprendi (e estou aprendendo) com os 20

Gif: Carol Chagas Já deixei bem claro em vários momentos aqui que eu sou VICIADA em fazer listas. E essa é apenas mais uma para conta. Como estou entrando no meu querido inferno astral, decidi aproveitar a oportunidade para reavaliar tudo que aprendi e desaprendi durante minha breve vida (e em especial nesse último ano).  1. Prioridades   Foto: Flávia Chagas Fevereiro, 2017. No caso, faça de você mesmo sua prioridade. Desde cumprir com suas obrigações a colocar em prática algo que você queira fazer. O tempo passa rápido demais pra gente deixar de fazer as nossas coisas por causa de outras pessoas. Se coloque como prioridade, pois ninguém poderá fazê-lo por você.    2. Não crie expectativas Foto: Carol Chagas Janeiro, 2015. Eu sei que é difícil o lance de "viva o momento". Provavelmente não ajuda muito, mas a gente tem que tentar. Todos os dias. Precisamos começar a deixar as situações serem o que elas são, não o que queríamos que elas fosse

Quando a gente (finalmente) entende que precisa ficar sozinho.

Eu tô com uma coleção de palavras guardadas dentro de mim. E elas são sobre os mais variados assuntos: vida, amor, falta de autoconhecimento e confusão.  Sempre fui o tipo de pessoa que pensava muito antes de agir (e acabava não agindo, no final das contas). Autopreservação era o meu estilo de vida favorito. Mas em algum momento, conheci o gatilho da impulsividade e ele parece ter vindo pra ficar. Pelo menos, tá comigo até agora.  Não vou mentir, ele me fez viver. Fez com que eu me arriscasse e sentisse aquela adrenalina boa que dá quando a gente faz algo que tem vontade. Em meio a tanto medo, a simplicidade desse impulso todo me libertou. Não completamente, mas uma parte de mim é mais livre do que era há um ano atrás.  Só que essa impulsividade é um grande paradoxo. Ela abre as portas e as janelas da tua casa pro mundo e isso faz com que você conheça o novo. Mas por te apresentar a muitas coisas, também traz caos. Do tipo que te confunde e bagunça tudo que já existia de

Derr(amado).

Sou do tipo que sofre calada e tem dificuldade pra chorar. Alguns amigos até oferecem o ombro e os ouvidos, mas na maioria das vezes, eu me sinto mal em usá-los. Não tem jeito, eu só transbordo quando escrevo. São nesses momentos em que eu peço ajuda pra única pessoa que me deve atenção: eu mesma .  Eu sinto, me reviro do avesso e esfrego na minha cara o que o consciente insiste em tentar esconder de mim. É como se cada palavra agora escrita pudesse preencher os buracos de bala perdida que a alma insiste em carregar. Não sou poeta, nem escritora, apenas sinto. E não é pouco.  Meus sentimentos são como vinho quando derrubado em um tapete . A mancha só aumenta e não tem muito o que fazer. Quanto mais você tenta limpá-la, maior ela se torna. E acredito que por mais que o tapete volte a cor original, ele nunca mais será o mesmo. A mancha pode até sair, mas você sabe onde e em qual intensidade ela já esteve por ali.  Pode ser que ninguém perceba e que você consiga lidar com

É, o outono levou.

Quem me conhece, sabe que eu vejo profundidade nas coisas mais simples. É algo que me acompanha desde que eu me entendo por gente e que dificilmente irá mudar. Sempre vi as estações como fases da nossa vida. Como se o que acontece lá fora influenciasse o que tem aqui dentro.  Acabamos de passar pelo outono e ele pra mim sempre foi sinônimo de desapego. A maneira como as árvores se livravam das folhas e escolhiam ficar sozinhas e desprotegidas por tantas semanas me fascinava.  Se até a natureza entende esta necessidade tão dela e a respeita, quem seríamos nós na fila do pão pra desrespeitarmos isso quando tem a ver com a gente?  O outono veio e já foi. E as chances de que o que você deixou por lá fique ali mesmo são grandes. Acredito que eu tenha passado algumas estações segurando folhas demais e isso tenha quase arrebentado o tronco da minha árvore. Mas eu tô inteira.  Passei o ano inteiro ignorando os gritos do universo. Logo eu que sempre busquei tanto por sinais

Me deixa ser roda gigante

Eu sou céu. Você é chão. Eu sou inconstante e mudo de opinião toda hora. Você finge que sabe o que quer. Te sinto perto longe. Mas volta e meia, deixo de te sentir. A distância existe de várias formas. Mas a mais dolorida é a que tem a ver com o coração.  Talvez eu te ame do jeito de alguém que nunca experimentou um sentimento forte como este. Por falta de oportunidade, de coragem. Não sei o que se passa lá fora, muito menos o que acontece aqui dentro.  Mas sei que a angústia tem me acompanhado.  A falta de definição das coisas sempre me incomodou, mas tentei fingir que tudo estava bem. E que eu não me importava. Mas eu me importo.  Certas coisas não mudam e a minha essência é uma delas. Eu tô cansada. De sentir, pra logo depois ter que esquecer. De sempre ter que aguardar o que vai acontecer. Eu não aguento mais não poder confiar.  Talvez o problema esteja aqui ou talvez seja aí. Eu não faço a menor ideia. Só sei que eu cansei de tentar entender. É como aquele exerc

Não peça para eu me importar.

"Para onde foi o tempo?" é o que eu mais tenho me perguntado. Nunca fui uma pessoa altamente produtiva, mas ultimamente tem sido mais cansativo que o normal realizar obrigações. Tô tão exausta fisicamente e psicologicamente que apenas tenho vontade de existir.  O outono faz com que minha cama pareça mais convidativa do que o normal e o hábito de ver séries que eu havia deixado de lado no ano passado me encontrou agora. Tem tanta ideia que eu tenho e queria colocar em prática, mas a distância entre o pensamento e a ação parece ter duplicado de tamanho .  O ato mais simples de levar o lixo para fora da casa já me faz revirar os olhos e procrastiná-lo até que eu me esqueça que ele existe. Eu sei que é uma fase, mas quando eu me sentia assim, procurava passar o menor tempo possível dentro de casa. Mas agora as ruas não são mais as mesmas.  Na verdade, elas continuam iguaizinhas. Eu que perdi a confiança em mim mesma. Tenho vontade de deitar no meio fio durante a no

Deixa a vida acontecer, vai.

Quando te conheci, achei que eu sabia em que ponto da vida a gente se desencontrava. Mais precisamente, em que momento. Mas o universo é um pouquinho mais complexo do que a gente imagina.  Por motivos que desconheço, de tempos em tempos a gente se esbarra.  Não tem um objetivo e eu gosto disso. De não me preocupar com o depois. Aproveitar o momento e não pensar no futuro sempre foi algo difícil pra mim, mas com você isso parece fácil.  Gosto das nossas conversas nas mesinhas de bar. E do som da tua risada. Da falsa e da verdadeira.  Gosto da tua boca. Principalmente quando ela tá colada na minha. E quando ela não tá, dá uma saudade. Parece que falta algo.  Eu não sei qual é a tua. Se você me tira dos trilhos ou se me coloca neles.  Tinha medo de olhar nos seus olhos até outro dia. E acabar me vendo neles.  Mas agora o medo se transformou em um frio na barriga que dá prazer em sentir.  Adoro a maneira como a gente se olha antes de dar um beijo. É como se a gente pe

1 ano né.

31 de março. Hoje faz 1 ano que eu moro sozinha. All by myself. Quer dizer, só moro mesmo, não me sustento não. Mas isso fica pra outro texto.  1 ano de saudades. De descobertas. De algumas das melhores  experiências   (leia-se olhar o céu estrelado depois de noites incríveis feat. conhecer gente de tudo quanto é canto) e das piores  também   (oi bad , tudo bem com você?) da minha vida.  Em 365 dias muita coisa muda. E nesse primeiro ano, eu mudei junto . Dos pés a cabeça. Foram 12 meses de muita intensidade pra quem quase nunca via diferença na vida. 4 estações de risadas, choros e muitas conversas durante a madrugada.  Foi um período para se descobrir e depois se perder novamente . É sempre assim. A gente acha que se encontrou, mas acabamos mudando de novo. Ops.  Teve tanto aprendizado que é difícil enumerar.  Teve clichê da vida adulta . Leia-se tirar dinheiro do caixa, comprar carne no açougue (ainda não domino essa arte), arrumar o primeiro emprego (de verdade

Erros que cometemos, barreiras que construímos.

Mongaguá, 2017. Às vezes a gente erra. E erra feio. Todo mundo diz que é bom, saudável até, que sempre aprendemos uma lição. Mas ninguém explica o que a gente faz pra consertar o que quebrou. Pedir desculpas ao outro quando não entendemos o erro que cometemos e o porquê de ele ter se magoado com isso parece errado.  Sempre falamos de empatia, mas é difícil senti-la quando você mesma não se imagina na posição de outra pessoa. Justamente porque você espera nunca estar nela. Talvez você nunca tenha entendido muito bem essa coisa de sentimentos.  Você escreve sobre eles e dá conselhos pra quem precisa. Mas quando é a sua vez, existe uma barreira. Nós reconhecemos o que construímos, mas é complicado derrubar aquilo que talvez nós precisemos usar de abrigo caso algo dê errado.  E sempre dá errado. O certo é tão passageiro que eu mal consigo reconhecê-lo nas ruas. De qualquer cidade, em qualquer estado. O problema tá aqui dentro. E diferente dos dilemas alheios, esse eu não