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cativante cativa

entre intervalos de páginas em branco encontro títulos curiosos de filmes ou capas que cativam o meu olhar de tal forma que declaro "precisamos ser apresentados". às vezes consigo assistir logo que os conheço, mas tem horas que perco a deixa ou pior, não encontro uma maneira de conhecê-los a tempo. mesmo que o tempo não tenha uma hora certa para as coisas acontecerem.

acho que não sou assim só com filmes, mas também com pessoas. os donos dos nomes que me atiçam a curiosidade ou as imagens que vejo (e crio?) de alguns humanos me dão vontade de conhecer mais. quero ver, escutar, assistir, tocar, conversar, viver. e quando não posso, me sinto frustrada.

como já é de conhecimento comum, a expectativa é a mãe da roubada, mas dessa família eu infelizmente ainda não sou capaz de me desvincular. ler 2 capítulos de um livro perfeitamente interessante e ter que fechá-lo é, pra dizer o mínimo, decepcionante.

não que eu não esteja acostumada a coletar decepções, - minha média é de duas por ano (para manter a saúde cardíaca em dia) -, mas acho que de alguma forma, ainda sinto muito. sem saber se é uma qualidade ou um defeito, não tenho muita prática na sobriedade emocional.

acho que nunca fui capaz de traduzir minhas quantidades sentimentais em tempo real. porque tudo que é muito, é imaturo ou equivocado ou desmedido ou fora do tom ou assustador.

sempre me incomodou esse pisar em ovos, quando penso que poderíamos ser claros sobre o que sentimos. mas será que teremos tamanha liberdade? haverá um lugar para sentirmos o que sentimos sem que uma placa declare um número máximo? por mais clichê que pareça, acredito que enquanto o amor for desrespeitosamente controlado, o ódio será previsivelmente incalculável.

- fevereiro, 2023.
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- Para mais crônicas como esta, clique aqui.








Foto e texto: Carol Chagas

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