Quem me conhece, sabe que eu vejo profundidade nas coisas mais simples. É algo que me acompanha desde que eu me entendo por gente e que dificilmente irá mudar. Sempre vi as estações como fases da nossa vida. Como se o que acontece lá fora influenciasse o que tem aqui dentro.
Acabamos de passar pelo outono e ele pra mim sempre foi sinônimo de desapego. A maneira como as árvores se livravam das folhas e escolhiam ficar sozinhas e desprotegidas por tantas semanas me fascinava.
Se até a natureza entende esta necessidade tão dela e a respeita, quem seríamos nós na fila do pão pra desrespeitarmos isso quando tem a ver com a gente?
O outono veio e já foi. E as chances de que o que você deixou por lá fique ali mesmo são grandes. Acredito que eu tenha passado algumas estações segurando folhas demais e isso tenha quase arrebentado o tronco da minha árvore. Mas eu tô inteira.
Passei o ano inteiro ignorando os gritos do universo. Logo eu que sempre busquei tanto por sinais por onde passava. Acabei ignorando muitas partes de mim que não mereciam ser ignoradas, justamente por fazerem parte de mim. E quem pode ser mais importante na nossa vida do que nós mesmos, certo?
Às vezes a gente mergulha de cabeça em algo que não precisava de tanta profundidade assim. Acontece. E o outono existe justamente pra isso. Pra deixarmos pra lá aquilo que não precisa mais nos acompanhar. Deixo nessa estação todas as partes de mim que eu não desejo ver de novo. Deixo atitudes, momentos e pessoas.
Hoje já é inverno. É tempo de se descobrir. Faz frio lá fora e só sobra o lado de dentro da gente pra nós olharmos. Agora é hora de se recolher e se reinventar, pra logo depois seguir em frente.
Nesse inverno, mergulharei em cada partezinha minha. Até cansar. Apenas pelo simples fato de que estou com saudades. De mim e do meu mundo.
Texto e foto: Carol Chagas
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Muito bom
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