De vez em quando a gente corre. Pra bem longe. É como se fosse algum tipo de impulso que surge aqui de dentro. Apenas sentimos que precisamos fugir. E assim o fazemos. Sem nem dar uma olhadinha pra trás. A gente respira e corre.
Só que depois de um tempo, bate o cansaço. E os gritos do corpo se tornam mais altos que os da alma. Já nem é mais possível ver a tempestade de quilômetros atrás. Sobra a calmaria e o silêncio. E pela primeira vez em meses, tudo faz sentido.
Os erros, os sentimentos e tudo aquilo que transbordou. O asfalto gelado contrasta com o calor do passado. É uma mistura de limbo com equilíbrio. Como quando a gente tenta boiar na água e de vez em quando, acaba afundando. É uma luta constante.
Depois de algum tempo tentando não sentir, chega uma hora que a gente consegue. Lembrar deixa de doer. E conversar com sua ferida não te machuca mais. Por mais estranho que pareça, está tudo bem. Mesmo que você tenha pensado que aquilo nunca ia passar.
Você sente quando o ar está seco e volta a enxergar a quantidade de flores existentes na praça por onde você passa todos os dias. Aqueles seus sonhos antigos te encontram e te incomoda a ideia de viver mais um dia sem tentar torná-los mais próximos da realidade.
Depois de tanto correr em linha reta, a gente acaba parando. Ficamos um tanto quanto entorpecidos. E isso é estranho. Mas uma estranheza boa. Do tipo que traz aquele sentimento louco de descoberta.
Passamos a nos perceber mais. E cai a ficha de que o mundo é muito grande e a nossa função é nos conectarmos com cada pedacinho de energia que encontrarmos por aí. A gente passa a buscar quem queremos ser e isso tudo se torna tão interessante quanto conhecer alguém.
Esse efeito Stand by faz com que a gente fique indisponível para qualquer um que queira roubar a atenção que nós estamos nos dando agora.
A gente corre e foge, mas uma hora descobrimos que precisamos parar.
Eu parei.
Demorou, deu trabalho, mas finalmente estou onde eu queria e deveria estar.
Foto e Texto: Carol Chagas
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