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As ondas sempre voltam.

O tempo vinha se comportando de forma espaçada. Eu tinha controle e possibilidade de escolher quais ponteiros fariam parte de meu relógio. A cautela se transformou em medo. Receio em sair dali, onde até o meu pulso poderia ser metrificado.  Tudo estava na mais perfeita ordem, só que não havia espaço pra vida correr solta. Nem ela, nem eu mesma. Mas eu estava segura. Nada poderia me machucar. Quem poderia prever a dor que viria de dentro? O entorpecimento. A indiferença. O esquecimento.  Eu estava tão protegida do mundo que resolvi me desproteger pra incomodar aquele medo do que havia lá fora. Uma cachoeira com tudo aquilo que eu nunca quis ver de frente me alcançou. E presa na proteção da cautela, não tive pra onde correr.  Eu tô completamente quebrada de dentro pra fora. Por vezes me resgato de volta. Mas logo estou paralisada novamente. É uma luta diária entre ser feliz e sobreviver. Eu costumava saltitar sem porquês e agora choro também sem motivo alg...

VAI QUE: um estilo de vida perigoso

Toda vez que desfaço as malas ao voltar pra casa de alguma viagem, percebo algo. Sempre levo coisas demais. Blusas que não usei, livros que não li, trabalho que não fiz. Por "precaução", acabo trazendo tudo.  O " e se " fala mais alto do que as verdadeiras probabilidades de que algo realmente aconteça ou até de minhas reais necessidades. Só que essas hipóteses que perambulam pela minha cabeça acabam de alguma forma me limitando. Porque esse "VAI QUE" está plantado em cada cantinho da minha vida. Ele acaba comigo.  Essa caixinha de possibilidades me impede de uma porção de coisas. De  escancarar a janela para o novo,  abandonar aquilo que não faz mais sentido e de até mesmo  me ouvir com cautela. Às vezes me pergunto por que as coisas são como são e realmente gostaria de encontrar um sentido pra elas. Em alguns momentos, fica claro. Já em outros, é como se cada peça do quebra cabeça tivesse vindo da fábrica no tamanho errado.  Como é q...

Para se desapaixonar: Duda Beat.

Conheci em 2018 a dona do álbum "Sinto muito" e devo dizer que foi amor á primeira vista pelos seus desamores. Dizem que é Pop, mas me parece reducionista demais classificá-la assim. Pernambucana, Duda leva o sentir em forma de prosa direto pro ouvido da gente. Ela sofre, se questiona, lamenta, relembra com bom humor seus casos. E nós sentimos tudo com ela. Suas canções mostram uma mulher deslocada de seu tempo atual. Que se entrega demais nas relações que hoje vemos serem cada vez mais rasas. Duda conta histórias, como se estivéssemos numa mesa de bar. E devo dizer que os aspectos técnicos de suas músicas nos levam para um lugar inventado dentro dela. Até mesmo para outra década. O que só faz a gente mergulhar ainda mais no passado. Conheci Duda por meio de Bixinho  e ainda a vejo como uma das canções mais verão que já conheci.  O ritmo acelerado nos lembra calor e energia e não só por isso, também lembra a estação como um espaço criado em que o i...

Quero falar com você.

(dos tempos em que ainda a URL era blogspot.com.br) "Entrei apressada pela entrada. Como se eu tivesse algo importante a fazer. Nem fiquei procurando por ninguém, já que eu nem conseguiria achar com essa linda miopia que eu tenho." - Primeiro dia de Faculdade (28, Janeiro, 2014). Hoje, 28 de janeiro, faz 5 anos que escrevi esse post acima e criei o "Fases de Alice". Na época, eu tinha 17 anos e acabara de entrar no curso de Comércio Exterior. Eu já havia tido - e abandonado - dois blogs, então confesso que eu achei que o mesmo fosse acontecer com esse aqui. De lá pra cá, tanta coisa mudou. Tranquei a faculdade , mudei de curso - Publicidade o/ - e de cidade/estado. Mas uma continua a mesma: de tempos em tempos eu volto pra cá. Criei o blog pra tentar me entender, como uma espécie de terapia pública. E o efeito continua dando certo. Cada um tem sua válvula de escape. Um lugar onde é bom despejar o que a gente sente, pensa e se é naquele momen...

Dona Praia Grande.

Os escritores que me perdoem, mas nunca fui dessas que enaltece a terra natal.  Pelo menos não até sair dela. Praia Grande é l ugar onde as pessoas se criam dentro de prédios  e não vão na praia na frequência que creem os de fora. U sa-se chinelo com qualquer roupa do armário  e se sente bem arrumado. Vemos  o mar ser só nosso e de uns poucos de abril a novembro e  nos sentimos invadido de dezembro a março.  É fazer amigos de fora e esperá-los nos fins de semana e feriados prolongados.  É descobrir no verão ter mais parentes do que você fazia ideia.   É ter melhores amigos por anos e não saber de cor o nome dos pais ou a cor da parede de seus quartos.  É pegar conchinhas e sentir culpa logo em seguida - por prejudicar o meio ambiente conscientemente - ao se ouvir "essa branquinha é a última" mais uma vez. É andar no calçadão com suas pessoas favoritas o u até mesmo sozinha.  É marcar um sorvetinho com um amigo e esse ser...