Pular para o conteúdo principal

VAI QUE: um estilo de vida perigoso

Toda vez que desfaço as malas ao voltar pra casa de alguma viagem, percebo algo. Sempre levo coisas demais. Blusas que não usei, livros que não li, trabalho que não fiz. Por "precaução", acabo trazendo tudo. 

O "e se" fala mais alto do que as verdadeiras probabilidades de que algo realmente aconteça ou até de minhas reais necessidades. Só que essas hipóteses que perambulam pela minha cabeça acabam de alguma forma me limitando. Porque esse "VAI QUE" está plantado em cada cantinho da minha vida. Ele acaba comigo. 

Essa caixinha de possibilidades me impede de uma porção de coisas. De escancarar a janela para o novo, abandonar aquilo que não faz mais sentido e de até mesmo me ouvir com cautela.

Às vezes me pergunto por que as coisas são como são e realmente gostaria de encontrar um sentido pra elas. Em alguns momentos, fica claro. Já em outros, é como se cada peça do quebra cabeça tivesse vindo da fábrica no tamanho errado. 

Como é que a gente vive normalmente sabendo que alguém que conhece quem somos anda por aí a solta? É certo isso de carregarmos partes de pessoas para outros lugares? Parece estranho, mas gostaria de ser permeável como uma barata. De não absorver nada daquilo a que fico exposta. 

A autopreservação sempre me fascinou, mas confesso que gostaria de morar nela. Eu entendo que estamos aqui pra crescer e evoluir como grandes seres que podemos ser. Também sei que vulnerabilidade faz parte de tudo isso, mas eu não gosto de ser vulnerável, não. 

Gostaria que esse meu ladinho sensível que acredita no incrível "VAI QUE" do Universo fosse pausado. Porque cansa. Dói só conseguir ficar em paz em movimento. Queria que a grande calmaria também me atingisse quando eu estivesse em repouso. 

Se a paz não é um lugar, mas sim um estado, como fazemos pra senti-la sem ser só ao fazer as malas?

Como eu disse, por precaução, 
sempre levo coisas demais. 

Por causa de um "e se" escrevi este texto.

- Escrevi este texto há dois anos, mas confesso que de vez em quando ainda me identifico.
--------------------------------------------------------------

- Para fazer parte da nossa Newsletter do blog, clique aqui.


Foto e texto: Carol Chagas

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

decrescente

quando eu estava passando pela adolescência, juntamente com o turbilhão de emoções saltitantes e em declínio, acontecia uma coisa engraçada. todo dia quando acordava, me via maior do que no dia anterior.  não que eu seja grande, mas por alguns anos, cresci como numa corrida quase que involuntária, sem depender muito de mim ou de algum esforço meu.  assim como a minha altura mudava literalmente do dia para noite, ano após ano, eu também mudava de sala de aula, matérias e professores. mudanças que dependiam de mim, mas que também seguiam a lei natural escolar brasileira.  minha vida caminhava pra frente, mesmo que eu não estivesse afim ou que eu não soubesse direito qual decisão seguir. assim como tantos, vivi esses anos achando que seria sempre assim. que tudo se encaminharia, correria seu curso natural, progressivamente.  de tanta estabilidade, acho que hoje me sinto em queda. acordo todos os dias do mesmo tamanho e não sei se me sinto progressiva, em crescimento. às vezes acho até que

thread de despedida.

é engraçado pensar que eu via o meu twitter como um lugar seguro para despejar minhas memórias, arquivar minhas fotos e deixar ali os meus sentimentos mais infames: sem muita coerência ou vergonha e cheios de volatilidade.  e assim como as emoções se dissipavam, os registros agora também se transformaram em coisa nenhuma. deixaram marcas em quem conhecia e insistia em insistir, mesmo com a quantidade absurda de propagandas, inverdades e um dono megalomaníaco. um espaço que me acompanhou durante a adolescência, o início da vida adulta e que pasme, também me fez ver o brasil como uma coisa grande e única, acho que tive ali minha primeira percepção de coletividade nacional.  e ao mesmo tempo em que via como todas as experiências eram universais, também chegaram a mim perspectivas absolutamente únicas.  o que um dia foi um lugar de reclamação rotineira e individual se tornou um espaço de acusações inflamadas, revolta generalizada, onde palavras sem vírgulas não eram o problema, mas sim o b

A Verdade Sobre os Desenhos

Como qualquer criança normal, eu passei minha infância assistindo desenhos (ainda assisto haha). Só que quando a gente cresce, passa prestar mais atenção ainda neles. Outro dia, eu descobri alguns significados ocultos de um desenho que eu assistia, e resolvi pesquisar MAIS sobre outros. Veja abaixo. 7 Monstrinhos O desenho era exibido na Tv Cultura. E quem era fã mesmo, tinha até a música de abertura decorada hehe. Tudo muito lindo, mas e se eu te dissesse que ele era uma crítica contra o nazismo? Isso mesmo. De acordo com algumas teorias, os 7 monstrinhos representariam a visão dos alemães sobre os judeus.  Eles eram vistos como monstros, possuíam o nariz bem grande, e olha só que coincidência: No campo de concentração, eram identificados por Números. Um dos personagens usava um pijama listrado bem idêntico ao uniforme que os judeus que eram presos tinham que usar, e eles também moravam no sótão (local onde os judeus se escondiam).  Bob Esponja Para o nosso que

Trilha Sonora: Simplesmente Acontece

Não sei se vocês perceberam, mas eu meio que amei o filme Love, Rosie (Sim, prefiro o título original). Mesmo já tendo feito um post sobre ele , não pude deixar de comentar a Trilha Sonora.  A história se passa durante muitos anos e a música evolui com ela. Nem preciso dizer que achei esse fato fantástico. Além disso, os nomes variam entre artistas famosos como Beyoncé a outros não tão conhecidos assim, mas incríveis igualmente.  Ah, tem até composição instrumental, que super combina com os momentos das cenas. Resolvi escolher as minhas favoritas e colocar aí embaixo para vocês ouvirem e amarem tanto quanto eu estou amando (:  Algumas delas você só vai gostar mesmo se assistir o filme haha (já falei como é bom lembrar de uma cena ao ouvir uma música).  Lily Allen - Littlest Things Elliott Smith - Son of Sam Lily Allen - Fuck You Kodaline - High Hopes KT Tunstall - Suddenly I See Beyoncé - Crazy in Love G

Os Signos dos Cantores

Música é uma das melhores coisas da minha vida e acredito que na de muita gente também. Ela está presente em diversos lugares e nas mais diversas línguas, mas na última semana ela está ainda mais em evidência aqui no Brasil. Sim, estou falando do Rock in Rio ♥  Inspirada nessa vibe musical, decidi fazer um post sobre os cantores, mas de um jeitinho diferente. Quem me conhece, sabe que eu amo astrologia e, geralmente, acho alguma semelhança entre pessoas do mesmo signo.  Então, para celebrar a minha mania de procurar o aniversário dos cantores, resolvi reunir muitos deles em um post :) Lembrando que podem existir diferenças nos perfis que eu descrevi, dependendo do ascendente e da posição das casas , okay? Agora vai lá, ler :P Áries Os arianos são conhecidos por iniciar, colocar em prática coisas que ainda não foram realizadas. E que, por esse motivo, sempre são lembrados por seus feitos.  Áries é o tempo de começos e isso fica ainda mais evidente ao observarmos

p(r)eso.

Os prédios estavam mais altos do que o de costume e ultimamente, eu me sentia menor do que nunca. Me sentia perto o bastante de fazer coisas que quero, mas infelizmente, tão distante quanto era possível. Não haviam forças disponíveis para me restaurar e ao mesmo tempo, eu me sentia presa e predadora do que quer que estivesse à solta. Me sentia rodeada, mas não me via ali, presente. Enxergava pouco e para minha surpresa, não eram somente as luzes ao longe que estavam nebulosas. Nos últimos dias, nada mais parecia estar definido. E isso me definhava aos poucos. Me comia viva sem pedir troco, me dessensibilizava a ponto de eu me sensibilizar com migalhas. Eu não era mais minha ou de quem quer que fosse. Isso me frustrava. Mais uma vez, me via ali estirada ao chão, como quem pede ao mundo um pouco de carinho. Sempre perto de aniversários. Ninguém continuava tendo respostas para as coincidências que apareciam em determinados meses. Será que esse ciclo torto sempre voltaria a se repetir? Eu

Playlist da Semana

Oi, gente. Desculpa pela ausência aqui no blog, é que eu estou com provas e trabalhos. E até tenho bastante ideia pra posts, porém me falta tempo. Mas arranjei um minutinho pra fazer a playlist da semana, porque ela não pode faltar haha. Não sei se acontece a mesma coisa com vocês, mas eu sempre estudo com música, é como se ajudasse na concentração. Só tem uma coisa, tem que ser uma música que eu já conheça, vai entender né. Então, a playlist dessa semana está recheada de músicas antigas, que me trouxeram a nostalgia de alguns anos atrás. Então é isso, espero que vocês gostem. Prometo que quando acabar as provas, eu irei postar todo dia. Juro mesmo! Boyce Avenue feat. Diamon White - Unwritten (Cover) Sandy e Junior - Estranho Jeito de Amar Ke$ha feat. Will.i.am - Crazy Kids Jordin Sparks - Battlefield Demi Lovato - La La Land High School Musical 3 - Scream Kelly Clar

TAG: Libster Award

Semana passada fui indicada pela Jacque (a íntima haha) do blog Meu Baú de Estrelas a uma TAG chamada Libster Award . Funciona mais ou menos assim: quem for indicado deve responder a 11 perguntas de quem o indicou e em seguida criar 11 perguntas diferentes e indicar de 11 a 20 blogueiros com menos de 200 seguidores.  Sendo assim, respondi as perguntas dela, mas de uma forma um pouquinho diferente. Já fazia um tempo que eu queria gravar um vídeo e aproveitei as perguntas dela para gravar o primeiro Vlog do Fases de Alice (:  Ficou um pouco comprido hehe, descobri que sou péssima em resumir coisas ao falar sobre elas. E também ainda não consigo editar muuuito bem, na verdade só cortei algumas partes. Sim, o vídeo ficou maior que isso kk. E perdoa a qualidade da câmera, estou juntando money para comprar uma nova. Enfim, me conheçam (: Bom, agora para quem já assistiu o vídeo, vamos para a segunda parte da TAG. As perguntas abaixo deverão ser respondidas pelos blogs