nunca soube muito bem como me desvencilhar de amores que acontecem até não aconteceram mais. mas acho que dessa vez, foi um pouco além disso, me senti refém de um sentimento durante o ano todo.
uma inquietação, um bloco de concreto crescendo na garganta, um cigarro aceso que já queimou o que tinha pra queimar e que mesmo sem ninguém fumar, continua ali deixando o cheiro intoxicante da nicotina. sinto que agora tudo está se dissolvendo. entre goles de água e outras coisitas más, o meu ressentimento está se transformando em algo menor e mais palatável.
o tempo traz perspectiva para as coisas e olhando pelo retrovisor, sua presença começa a me incomodar menos. acho que eu também tenho respeitado mais o meu tempo de digestão, de certa forma. não tenho cobrado pressa de coisas que não consigo medir com réguas e esquadros.
eu poderia ter te amado, tenho quase certeza de que te disse isso ontem. se não falei, pensei alto demais na minha cabeça. e eu sinto que isso é verdade, eu poderia e eu estava pronta, como nunca achei que estaria depois de muito tempo.
mas danças a dois pedem mais que dois pés dispostos. é preciso mais. eu sei, você sabe. talvez eu nunca consiga explicar direito pra mim mesma o que tivemos e o que deixamos de ter. mas tenho aprendido a respeitar isso também.
eu sempre sou do time de que, na dúvida, é melhor conversar, mesmo que seja pra colocar um ponto final. e mais uma vez eu acertei, tive a conversa que eu tanto precisava há meses e agora, é como se eu tivesse colocando massa corrida pra cicatrizar e construir novas moradas.
simbólico isso de finalizarmos no mesmo dia em que começamos, 6 de outubro.
Foto/Texto: Carol Chagas
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