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como é que a gente se despede da gente?

Quando Ted, de How i met your mother, está prestes a deixar Nova York na nona (e infinita) temporada, ele faz uma lista de coisas que ele sentirá saudade de fazer na cidade. E ao listar as últimas vezes, sua amiga Lily lhe dá um conselho:

“Você escreveu todas essas coisas para as quais dizer adeus. Mas há tantas coisas boas. Por que não dizer adeus às coisas ruins? Diga adeus a todas as vezes que você se sentiu perdido. Para todas os ‘nãos’, ao invés dos ‘sins’. Para todos os arranhões e contusões. Para toda a mágoa. Diga adeus a tudo aquilo que você realmente deseja fazer pela última vez”.

Quem já se mudou, sabe. Em meio a pilhas de coisas pra fazer e arrumar, parece que tudo vem acompanhado pelo gosto do que não iremos provar novamente. A rua onde a gente não vai mais se perder ou a biblioteca a qual não iremos mais pra pensar. A pessoa do outro lado do corredor a quem não mais recorreremos em tempos de novidades e dificuldades ou até mesmo o parque onde a gente já nasceu de tantas formas e onde não vamos mais passear nas horas vagas.

Eu sei que o novo vai chegar. E com ele, novas lentes. Mas pra mim, abraçar os meus fins até vê-los virarem pó faz parte do processo de ir embora. Redescobrir músicas e pessoas que me acompanharam não me faz querer ficar, me faz querer não esquecer.

Como quem tenta carregar mais coisas do que pode, é preciso deixar algumas delas em seus lugares. Seguindo o conselho de Lily Aldrin, eu dou adeus agora ao que eu não quero levar comigo.

Adeus á minha versão que aceitava menos do que merecia e que não sabia ser firme e dizer “não” para aquilo que passava por cima dela. Adeus aos amores que não puderam me compreender e aos quais eu não quis parar pra entender. Me despeço dos momentos de dor. Ansiedade, tristeza profunda. Sei que a dor sempre vai ir e voltar, mas eu espero que suas nuances não sejam as mesmas.

Espero não ver de novo a minha falta de coragem pra dizer, sentir e ser aquilo que hoje sou com orgulho. Adeus à minha versão que se fazia caber em espaços pequenos demais. À falta de cuidado com meu corpo (emocionalmente e fisicamente) e à fraqueza das escolhas nocivas. 

Pra aquela vez que eu torci as costas ou pra quando sofri com tosse alérgica. Pros empregos que não consegui ou os que eu não gostei de trabalhar. Pras coisas que eu não gostei de ouvir. Pros erros que eu cometi e que pretendo não cometer novamente. Pras horas em que eu falei demais, e às que eu disse menos do que deveria. 

Me levo pro começo e vejo que somos pessoas diferentes. Deixo pra cidade aquilo que pesa e que cutuca minha mente nas horas inoportunas. 

Eu não vou carregar caixas pra levar passados lesionados.
Levo as gargalhadas, as conversas reflexivas.
As pequenas grandes descobertas, as músicas.
As luzes e as velas.
A natureza, desde árvores aos humanos, que sempre me deixaram boba.
A poesia e a cerveja.
Os sabores de comidas que nunca provei e o toque que nunca previ.
O vinho e as jantinhas que se demoraram.
As esquinas que eram eternas e as pessoas que eram infinitas.
Os sentimentos e as conexões inesperadas.
Os abraços, os porres e os beijos.
As noites que nunca tiveram fim e o amor que surgiu nas horas mais inesperadas.

Entro prum novo ciclo mais gente. mais humana e amorosa. 

Vou embora daqui mais eu do que quando cheguei.
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- Para mais crônicas como esta, clique aqui.




Texto e Foto: Carol Chagas

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