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ainda vejo você.

Todos os dias, entre um silêncio e outro, peço para algo ou alguém maior que eu me ajudar a te esquecer. Peço porque as lembranças chegam em horas inoportunas e porque as camadas me despertam sensações diferentes. De cores agradáveis a tons tristonhos numa fração de segundos.

Estou cansada de me sentir dolorida. Me apego a fantasia de que as coisas irão mudar, de que iremos voltar a saber um do outro, mas sinceramente, não sei mais se acredito nisso. A cada dia dói mais me dar conta de que isso provavelmente não vai acontecer. 

Dias se tornaram semanas e aos poucos, elas se tornam meses sem ouvir uma palavra sua. Tenho tantas coisas para te dizer que poderia encher um quarto de sílabas tônicas. Mas a minha cabeça já está começando a se esquecer de coisas básicas. 

Aquelas mesmas ruas ainda me lembram você, mas eu não sei mais qual é a história que se passa aí dentro. Acho que não cheguei a saber por completo e isso me entristece novamente, como num looping perigoso em que eu não vejo saída. As músicas entram tortas e as melodias não me descem. 

Acho que nunca senti um clima de possibilidade como senti com você. Possibilidade concreta de coisa que não desanda, de sentimento que se constrói e toma conta. Mas as primeiras impressões são primeiras por um motivo. Motivo este que não sei compreender ainda, mesmo que eu bata minha cabeça nas paredes em meio a essa busca. Não adianta, não resolve e eu só me machuco no processo. 

Dizem que dor de amor passa e eu acredito, mas e a dor do quase? Em que escala classifico aquilo que poderia ter sido mais? Estou cansada de sentir e de voltar nesta pergunta. Só posso esperar que meu coração se canse alguma hora de procurar por respostas.
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Foto e texto: Carol Chagas

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