Não morava sozinha, ainda sem conseguir me sustentar por completo. Não tinha certeza nenhuma sobre a carreira que queria pra mim e até muito recentemente, não comia legumes.
A sensação que eu tinha era a mesma de um jogador dentro do BBB, que acorda pro jogo aos 45 do segundo tempo, e que prestes a ser eliminado ou a correr perigo, entende que precisa jogar um jogo.
Não que eu esteja acordada, mas depois de uma longa temporada apática, sinto que estou um pouco mais consciente em relação ao que acontece ao meu redor. Pela primeira vez em muito tempo, eu consigo enxergar algum tipo de futuro.
Mas essa sensação que, para mim é boa, de começar a pensar e a entender o que eu posso e consigo fazer se confunde com essa ideia equivocada de que eu deveria estar mais à frente do que realmente estou.
Às vezes sinto que estou atrasada, mas confesso que não sei que horário é esse que eu procuro pra me comparar. Nunca tive pressa e quando apressei o passo, acabei tropeçando na minha própria velocidade.
Dos 5 fatos que procurei pra listar, minha cabeça focou justamente no que eu ainda não fiz. Queria constatar o que eu não tenho, onde eu não estou, o que não estou fazendo, mas quando paro pra pensar fora desse círculo vicioso, percebo que para onde não fui não é assim tão importante.
Os tais dos fatos devem ser coisas que já aconteceram, ao invés de eventos que nunca existiram, mesmo eu querendo que eles já tivessem acontecido. Se o que quero que aconteça ainda não aconteceu, por que ainda insisto em falar sobre o que não está na minha frente?
É preciso conhecer o passado para entender o futuro, mas fazê-lo se apressar olhando para as lentes da falta me parece ser uma vontade desnecessária de acidentar o presente.
- 6 de fevereiro, 2022.
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