Entrei no ônibus. O fone já estava no ouvido e as lágrimas já nasciam dos olhos. Mas as músicas e o motivo do choro eram dessa vez diferentes. A saudade que eu sentia transbordava. De dentro pra fora. Uma mágoa da vida surgia em mim.
Eu que sempre julguei o drama alheio, precisei pagar minha língua com a dor que crescia no peito. E não foi fácil, não. Enquanto saía da cidade, lembrava de cada memória vivida e bem aproveitada.
É engraçado como quando cheguei aqui, a minha vontade era fugir. E hoje, eu só queria ficar. Mais um dia, uma semana ou até quando o sentimento continuasse a existir. Eu que sempre gostei de deixar partes minhas nas ruas, me vi querendo levar cada uma delas comigo. Pra onde quer que eu fosse.
A gente sempre acha que se conhece e sabe as respostas para as perguntas do mundo. E isso realmente dá certo por um tempo. Até a gente mudar por dentro.
Voltei pra "casa" mais simples e descomplicada do que já fui na vida. Mas também mais quebrada. Eu sei que a cola bastão da minha escrivaninha e o tempo vão ajeitar tudo isso. Como tudo na vida, uma hora vai passar.
Mas hoje, uma semana depois do nosso último beijo, ainda dói. Algumas vezes mais, outras menos. Mas a saudade sempre fica mais forte quando algo me lembra você. Uma música que já foi o toque do seu celular, uma comida que a gente pensou em comer junto ou sua série de filmes favorita.
Sempre me apeguei a detalhes e os relacionados a você minha memória não me deixa esquecer. As minhas aulas foram adiadas e a cor da nossa amizade também. Nessa manhã de sábado, a vista da minha janela parece menos viva, apesar do incrível tom de azul que o céu usa hoje. Acho que a minha visão ainda está meio prejudicada sem você nela.
A tua voz tá aqui, porém o restante está desaparecendo aos poucos. Mas acho que é assim que as coisas funcionam. Em algum momento, a gente aprende a lidar com tudo. E enquanto não aprendemos, seguimos escrevendo, vivendo e amando. A vida, as pessoas e a nós mesmos.
Texto e Foto: Carol Chagas
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