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laudo de agosto.

a percepção do tempo tem sido tão desconexa. algumas coisas deixaram de existir em algum momento desse ano, mas por não saírem da cabeça, parecem nunca ter ido embora. enquanto outras, ainda duvido de que tenham acontecido há apenas oito meses. 

minha mente ultimamente tem se movimentado como um pêndulo, nunca completamente certa de onde está, sempre vagando tentando encontrar um bom lugar ao sol - mesmo que não se vejam muitos lugares com algum tipo de vista -. 

às vezes me percebo tão enferrujada, como quem tenta voltar à vida, mas que ainda permanece cercada por uma barreira invisível. noutros momentos, parece que ainda tem tanto pela frente, mesmo que os últimos dias tenham sido tão terrivelmente iguais. 

é incrível como falta algo em todo lugar que eu vou. estou começando a achar que não são os lugares, mas eu que me fragmentei a tal ponto, que agora pareço nunca estar completa, como quebra cabeça com peças demais. 

tudo está perambulando pela minha cabeça, mas nada parece ficar. peço todos os dias para que algo bom aconteça, algo que me toque, algo que se aprofunde nessa capa protetora que parece ter sido colada enquanto eu dormia. 

estou me sentindo sufocada, será que voltarei a respirar novamente? 

ultimamente estou vivendo aquela temporada de série que perdeu o fôlego, em que os roteiristas ficaram sem ideias e a emissora, com a queda da audiência, não vê outra saída a não ser cancelar essa história sem eira nem beira. os cenários se desfazem, os atores se lamentam, mas partem para outros trabalhos, assim como toda a equipe. e aqueles personagens ficam ali, paralisados pelo tempo, sem ter outra chance de continuar a viver. 

como brinquedos que deixam de fazer sentido quando as crianças crescem, as histórias que não continuam, passeiam por todos lugares e cabeças possíveis, à espera de que alguém resolva contá-las. enquanto não forem ouvidas e não viverem seus finais correspondentes, permanecerão como almas penadas que não descansam. irão tratar de ocupar e possuir qualquer um para que um dia voltem a existir. 

alguém irá ouvi-las?
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Foto e texto: Carol Chagas

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