Não posso falar sobre o restante da população brasileira, mas eu, pessoa física, adoro não fazer absolutamente nada nos domingos. Gosto de assistir um filme - de gosto duvidoso ou não - deitada, como se aquele fosse meu estado natural e não houvesse nada de errado nisso.
Depois limpar minha caixa de e-mails e ver que ali só tem recibo de uber e spam. Às vezes resolvo escutar umas músicas antigas pra testar o arrepio, como quem repete beijo pra verificar se a química ainda existe ou se era coisa que passou com o tempo.
Sempre acabo lembrando do que preciso fazer na semana e, às vezes anoto, às vezes deixo pra segunda. Levanto pra encher um copo de água que provavelmente não vou beber na hora e me lembro de um grande ator que eu costumava gostar na infância e que, nos últimos anos, têm me entretido com entrevistas. Assisto um ou dois vídeos e relembro o porquê gosto dele.
Lembro de um e-mail que mandei pra minha prima, do qual ainda não obtive resposta. Fico curiosa. O que será que ela tá vivendo? Ensaio o que eu responderia sobre a minha vida e percebo que algumas coisas mudaram desde a última vez que nos escrevemos.
Franzo a testa incomodada, porque relembro uma situação na qual falei algo que possa ter machucado alguém. Tento deixar quieto. Ultimamente, tem sido assim. Quando algum pensamento me incomoda, eu procuro não pensar muito nisso.
Mas sinto que tenho passado tanto tempo pulando pensamento que, parece que de tanto trocar de música, acabo não ouvindo nenhuma inteira. Isso me deixa confortável, mas também completamente inconsciente. Um pensamento ruim, que tal assistir um capítulo de uma novela que você assistiu na infância, mas que agora não faz mais tanto sentido pra você?
É como se eu tomasse shots de entretenimento. Para cada desconforto, uma dose do audiovisual mais descomplicado da casa. Mas até que ponto isso pode se manter? Até quinta-feira passada, eu tinha uma desculpa. "Não posso sair de casa, porque meu mindinho está imobilizado".
Pela previsão do tempo para a semana, provavelmente será a chuva. E depois? Qual outra razão me fará adiar o que um dia eu quis viver, mas que hoje prefiro nem pensar pra não me aborrecer?
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