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Mostrando postagens com o rótulo Vida

E quando voltar vira costume?

Janeiro, 2018. Sou viciada em comer brigadeiro de panela nos dias tristes, desarrumar meu guarda-roupa nas manhãs corridas e participar de relacionamentos iô-iô quando tenho chance. Eu já fazia ideia da existência dos dois primeiros, mas o terceiro foi descoberto há pouco tempo.  Eu acreditava que a culpa era das pessoas com quem eu me relacionava, mas só porque alguém bate na sua porta, não quer dizer que você precise atendê-la. Depois de algumas sessões na terapia, descobri um padrão emocional não-saudável existente nas minhas relações.   Nos últimos 3 anos, tenho brincado de batata quente com todas as pessoas por quem me interesso. Elas somem e voltam, assim como eu. Existe uma fenda no tempo em que as coisas "dão certo", mas logo depois, bate um cansaço. Enjoo. Preguiça até. É como se tudo estivesse garantido. Confortável. Seguro demais. Depois de um tempo, alguém sempre termina. E é aí que chega a liberdade. Eu me sinto solta. Desamarrada no univer...

5.

Setembro, 2018. O reflexo da luz do poste na minha parede. O sol se pondo e iluminando o cabelo claro de minha amiga. As batidas frenéticas na porta quando nasce alguma novidade. O som no último volume - e ainda assim não alto o bastante - como trilha da limpeza. Os arco-íris que aparecem por tudo quanto é canto depois das 11h. Conversas dentro de minha casa que caminham horas a fio, até o dia se apagar lá fora.  Quando morava com meus pais, meu lar eram vários lugares. O meu quarto. A parte de trás da porta do meu banheiro. A sacada. A cozinha durante a madrugada. Nesses espaços era onde eu mais me sentia viva. Como se eu pudesse me iluminar inteira de uma só vez.  Hoje vejo que no meu lar há vida em todos os cantos. Minha. E de outros seres que, vez ou outra, resolvem fazer morada por aqui. Já mudei a mesa três vezes de lugar e, cada vez, tem mais gente de quem eu gosto ao redor dela. Minha casa é abrigo temporário. Casa de passagem. Retiro de memórias. E test...

Projeto: Pessoas que conheci

Eu sempre gostei de escrever. Histórias, crônicas, poesias. Mas se tem um gênero que é um dos meus favoritos é textão de aniversário . Meu olho brilha com a oportunidade de descrever alguém em um ritmo mais leve que o da nossa realidade.  Amo gente. Conhecer pessoas. Adoro as sensações que todas elas deixam em mim. É como se eu levasse tanto de cada um com quem esbarro nessa vida. As peculiaridades de cada indivíduo são o que fazem com que ele seja ele. Mesmo que a pessoa não seja assim a vida inteira. Naquele momento, ela foi. "Você nunca pode substituir ninguém porque todo mundo é composto de detalhes tão bonitos e específicos.  " Before Sunset, 2004. Gosto muito de enxergar como os outros agem e por que assim o fazem. Tudo tem uma explicação. Um contexto. E que lindo que é poder ver isso. Imaginei dias desses como seria legal se eu escrevesse sobre as pessoas não somente nos aniversários, mas apenas porque tive vontade. As pessoas descritas nem precisar...

A vida é uma só.

Abril, 2018. É como se muitas coisas estivessem passando pela minha cabeça agora. Minhas têmporas estão vermelhas de ansiedade. E as mãos suam frio. É como se todo o calor estivesse concentrado em apenas um lugar. Totalmente desequilibrado.  Longe de mim, tentar ajustar isso tudo. Longe de mim, tentar. A gente sempre busca o equilíbrio. Porque é o estável. E é aquilo que faz bem pra gente. Os equilibristas que me desculpem, mas eu amo o desequilíbrio. É ali. Bem no meio dele que a gente cresce. E conseguimos a chance de olharmos pra dentro de nós mesmos.  O caos só é ruim pra quem não consegue lidar com ele. Mas no fundo, somos todos pra lá de capazes. Às vezes leva tempo, mas mergulhar em cada pedaço nosso, olhar bem de perto e não nos assustarmos com o que vemos é uma espécie de encontro.  Porque é tudo nosso.  Somos tudo aquilo que queremos e deixamos de ser. É uma mistura. Não existe uma única cor. Uma linha do tempo que define o antigo do...

Sobre desprender-se de tudo (e não ter ideia do que fazer em seguida)

Março, 2015. Este não é o momento em que mais me sinto sozinha na vida. Mas é uma das fases, com certeza. O tipo de fase que faz com que você se sinta, mesmo que por vezes acompanhada, desconectada do mundo.  Como aquele cabo perdido na gaveta do quarto. Você não sabe quando ele surgiu, nem pra que serve.  Me sinto à deriva. E acho que só agora parei pra dar a devida atenção. Às vezes, a gente desce na estação errada, esquece o carregador em casa e corresponde (por engano) o aceno de um estranho - que não era exatamente pra você.  E se sentir assim não é necessariamente ruim. Eu diria que é desconfortável. Mas o desconforto não é um mal tão grande nessa vida.  É apenas um momento. Passageiro, como tantos outros. Em que a gente se sente fora do nosso lugar de fala. Em que nos esquecemos do personagem que criamos. Do que gostamos, do que costumamos dizer, do que odiamos.  É um desvio. Que não atrasa, mas também não adianta a nossa vida. É u...

O mundo é um baita dum moinho.

É como se eu estivesse correndo. Tudo passa como um borrão. Num piscar de olhos, eu já troquei a rua pelo asfalto. Cruzei a avenida e saí em disparada em meio aos carros. Mal dá tempo de observar as pessoas na rua, o tamanho da lua ou se as luzes do poste estão acesas.  Eu só corro. E pela primeira vez, eu não tô fugindo. De um problema, de alguém ou até mesmo de mim. Eu corro porque posso. Porque não preciso. Porque sou livre. E me sinto fluida quando o vento me invade.  Apesar de ter um fim, é como se aquele momento durasse pra sempre. As pequenas coisas ficam para trás. E pela primeira vez, elas se mostram pequenas. Tudo parece tão menor do que já foi um dia.  E eu pareço pequena e grande e completa. Às vezes me encontro perdida, às vezes certa. Mas não importa muito. É como encontrar o sentido de algo e perder a linha de raciocínio dez segundos depois. É mergulhar até o fundo do rio mais próximo pra logo depois ser incapaz de boiar. É um co...

Clareiamô.

Fevereiro, 2018.  Eu conheci o amor. E por não vivê-lo por completo, me perdi nele. Da cabeça aos pés. Eu era 100% amor  (ou o que eu achava que era pelo menos). Do tipo que fazia com que eu me sentisse conectada a pessoa, mesmo que o meu wi-fi não funcionasse. Do tipo de amor que doía estar longe. E do tipo que quando terminava, não se esquecia. Após o fim, a distância emocional parecia algum tipo de abstinência desconhecida que queimava. E pra parar de doer, eu me anestesiava. Ao chegar em casa, o espelho era a última coisa que eu queria encontrar. Á procura de paz, me joguei no esquecimento . Me distraí até não me lembrar mais das perguntas que eu tinha e que pediam por resposta. Eu sabia que naquele momento, eu não entenderia nenhuma delas.  De tanto me esquecer, me ceguei. E errei. Repetidas vezes. Por vezes, os mesmos erros. Com as mesmas pessoas.  Á procura de um poço para chamar de meu, cavei minha própria cova. Mas por sorte, ...

Não dispare palavras como balas e não discuta como se aperta um gatilho.

Sempre vi o universo como complexo, mas misteriosamente sábio. É como se um conjunto de sinais, não apenas um fato singular, surgissem na nossa vida pra mostrar um caminho. Mesmo que a gente não saiba qual ele seja. Ao contrário do que costumávamos pensar na infância e adolescência, c ada vez mais enxergo que nada está pronto.  Nós, a nossa vida e o mundo.  A gente está familiarizado com a ideia de livre arbítrio, mas demora um tempo pra cair a ficha de que realmente o temos. Tudo pode ser construído (ou desconstruído, como você preferir) o tempo todo. Quando e onde quisermos. Mas a gente não percebe e também não sabe como fazer isso. Acho que nunca saberemos por completo. Às vezes é tão mais fácil culpar o outro e gritar para ser ouvido que a gente acaba escolhendo chorar em silêncio. É mais confortável. Nos afastamos dos humanos pelo simples motivo de serem humanos. Porque nós somos. E sabemos como é.  Quando alguém espalha palavras cortantes machuca...

De volta para nós mesmos.

Sempre gostei de observar a lua durante o verão. Nas outras estações também, mas parece que nesta específica, o céu ganha um brilho diferente. Não sei se é o calor, as férias ou a posição de algum planeta no nosso mapa astral. Mas o verão dá aquela sensação de que a gente faz parte do lugar onde estamos.  A lua, sempre presente nos outros dias do ano, se torna agora mais nossa. Assim como o sol, as ruas e aqueles lugares pelos quais passamos e instantaneamente lembramos de alguma partezinha do nosso passado.  O problema em achar que todas estas coisas são um pouco nossas está justamente no fato de que elas não são. E nunca serão. A gente pode pegar emprestado. Até morar durante um tempo. Mas não dá pra levar pra outros lugares, nem nada do tipo.  E talvez esta seja a graça.  Quando algo que é livre está com a gente, temos a certeza de que existiu ali uma escolha. Uma vontade. E mesmo que esse algo volte em poucas horas, dias ou meses de onde ele v...

A arte de ficar bem.

De vez em quando a gente corre. Pra bem longe. É como se fosse algum tipo de impulso que surge aqui de dentro. Apenas sentimos que precisamos fugir. E assim o fazemos. Sem nem dar uma olhadinha pra trás. A gente respira e corre. Só que depois de um tempo, bate o cansaço. E os gritos do corpo se tornam mais altos que os da alma. Já nem é mais possível ver a tempestade de quilômetros atrás. Sobra a calmaria e o silêncio. E pela primeira vez em meses, tudo faz sentido. Os erros, os sentimentos e tudo aquilo que transbordou. O asfalto gelado contrasta com o calor do passado. É uma mistura de limbo com equilíbrio. Como quando a gente tenta boiar na água e de vez em quando, acaba afundando. É uma luta constante.  Depois de algum tempo tentando não sentir, chega uma hora que a gente consegue. Lembrar deixa de doer. E conversar com sua ferida não te machuca mais. Por mais estranho que pareça, está tudo bem. Mesmo que você tenha pensado que aquilo nunca ia passar. Você s...

John Mayer e o amor pela vida.

Aos 15, esbarrei numa música de John Mayer. E odiei. De verdade. E o problema não era com a música ou com o próprio John, mas comigo. Eu não estava pronta . Pra ouvir e me identificar com a quantidade de carga emocional presente em suas canções. Mesmo hoje, aos 20, sinto que não estou.  Não conheço todas as músicas dele. E confesso que me orgulho disso. Sinto que cada uma delas deve me encontrar, não o contrário. É como se a cada situação que eu passo, uma música existente dele sobre isso me encontrasse. Por meio de um amigo, um link ou o modo aleatório do Spotify.  Quem me conhece, sabe que eu não tenho ídolos musicais. Gosto de música, não de artistas. Sou eclética e gosto razoavelmente de tudo. Por ser deste jeitinho, nunca me imaginei indo a um show. Simplesmente porque eu não conheceria todas as músicas e ficaria perdida na maior parte do tempo ali.  Mas com o John é diferente. Eu não sei de cor a maioria de suas músicas, quiçá um álbum inteiro. E eu...

O último incêndio.

Eu queria que a gente fosse compatível. Não porque faríamos bem um pro outro, mas porque eu queria alguém do meu lado. Mas esta não é uma boa justificativa. Nem pra você, nem pra mim.  Esta é apenas uma das muitas curvas que levam a gente. E você tentou me levar, mas eu não deixei. Por ainda estar em outra estrada e por mais tarde descobrir que o que eu queria mesmo era dirigir sozinha . Não havia espaço para caronas.  Algumas coisas e pessoas são apenas o que têm que ser . E a gente tem que deixar. Mesmo que incomode e dê saudade. Você pode dizer que eu fui resistente e inflexível. E eu fui mesmo. Mas não é porque eu tinha medo de viver. É porque eu sentia que  tudo  estava  tão errado como quando a gente veste uma roupa apertada. No fim do dia, incomoda.  Eu acredito pra valer no tal do timing . E o nosso foi errado pra termos futuro, mas certo o bastante pra fazer com que eu me desapegasse do passado. Talvez este fosse o objetivo, afinal....

20 coisas que aprendi (e estou aprendendo) com os 20

Gif: Carol Chagas Já deixei bem claro em vários momentos aqui que eu sou VICIADA em fazer listas. E essa é apenas mais uma para conta. Como estou entrando no meu querido inferno astral, decidi aproveitar a oportunidade para reavaliar tudo que aprendi e desaprendi durante minha breve vida (e em especial nesse último ano).  1. Prioridades   Foto: Flávia Chagas Fevereiro, 2017. No caso, faça de você mesmo sua prioridade. Desde cumprir com suas obrigações a colocar em prática algo que você queira fazer. O tempo passa rápido demais pra gente deixar de fazer as nossas coisas por causa de outras pessoas. Se coloque como prioridade, pois ninguém poderá fazê-lo por você.    2. Não crie expectativas Foto: Carol Chagas Janeiro, 2015. Eu sei que é difícil o lance de "viva o momento". Provavelmente não ajuda muito, mas a gente tem que tentar. Todos os dias. Precisamos começar a deixar as situações serem o que elas são, não o que queríamos que e...